Capítulo 8

    

- Que sorrisinho?

- Esse ai, que está nos seu lábios. É algum gato? – Ela falou animada.

- Já disse, que não tem gato nenhum. – Ela desanimou e eu ri.

- E aquele carro, que você chegou?

- Está me vigiando, dona Laura?

- Claro que não, vi por acaso. – Ela deu de ombros, enquanto me seguia até o quarto.

- Sei...É o Luan.

- Ah! Ele é bem gato, fica com ele.

- Ta doida, não fala isso nem de brincadeira, a namorada dele já não foi com a minha cara. – Laura gargalhou e eu joguei uma almofada, em cima dela.

Fiz um lanche pra mim, depois que tomei um banho, enquanto ela ainda tagarelava no meu ouvido, fomos para sala e nos sentamos.

- Decidi.

- Decidiu, o que? – Ela me perguntou, parando de falar.

- Hãn...Eu vou comprar o apartamento.

- Sério?

- E um carro.

- Que tudo, amiga! – Ela gritou e se jogou em cima de mim.

- Deixa eu comer, sua louca.

- Deixo, deixo, deixo. – Ri dela.- Luan que está te fazendo mudar, é?

- Ta louca? – Me engasguei e ela riu.

- Ué, parece que ele está mudando sua cabeça. Me lembre de agradecer e de ficar brava também, porque convivo com você há anos e nunca consigo colocar nada, nessa cabeça dura.

- (risos) Para de bobeira, Laura.

Fomos dormir e no outro dia só dei uma passadinha no projac, liguei para Laura, que estava ali perto e fomos em uma concessionária, ver um carro.

- Adorei esse. – Ela apontava, para um conversível, preto.

- Está doida? O mais caro daqui, eu gostei daquele. – Apontei para um corola, também preto.

- É bem lindo, mais tem mais bonitos.

- Meu sonho ter aquele carro e não está tão caro, vai ser ele mesmo. – Sorri animada.

Fui até o gerente e acertamos tudo, daria um entrada de quinze mil e iria dividir as prestações em doze vezes. Ele já me deixou levar o carro, preferia o levar depois de dar a entrada, mais ele achou melhor e Laura insistiu.

- Bem lindo esse carro mesmo, fez uma ótima escolha.

- (risos) Não falei? Eu adoro ele. Valeu a pena ter guardado um dinheiro.

- Verdade, pra entrada né?

- É sim, e ainda tem o apartamento, que também tem que dar entrada. – Fiz careta.

- Para de bobeira, você deve ter muito dinheiro naquela conta sua. Dava para pagar tudo a vista.

- Quem me dera. – Rimos.

Fomos para casa e o dono do apartamento, já nos esperava, Laura marcou e acertou tudo com ele, sem eu saber.

Fomos vê-lo mais uma vez e eu tive a certeza, que compraria.

- Pronto. – Terminei de assinar o contrato.

- Amanhã mesmo, já pode se mudar. – O homem dizia.

- Tudo bem, vem aqui no final da tarde, que eu vou estar com o dinheiro da entrada.

- Pode deixar, muito obrigado. – Ele se despediu de nós e Laura o levou até a porta.

- Nem acredito, amiga. Vida nova agora.

- Nova mesmo, para nós duas.

- Pois é, eu adorei aqui, agora só falta uma coisa.

- O que?

- Um namorado. – Ela quase gritou e eu revirei os olhos e saí andando.

- Vamos mudar de assunto?

- Não, você tem que arrumar um.

- Não vou arrumar, nada. Se for da vontade de Deus, eu vou ganhar um.

- Você quer morrer encalhada, não é?

- Não quero.

- Parece, nunca namora. Nunca namorou, na verdade.

- Para de graça, Laura.

- Para você, amiga. Você é tão linda, ninguém diz que é virgem. – Joguei nela, a primeira coisa que vi, por sorte era um travesseiro.

- Eu vou matar você, se continuar, Laura. – Ela riu e levantou os braços, em sinal de rendimento.

- Mais é sério, é muito surreal, uma pessoa de vinte e dois anos, virgem. – Fiz cara feia e fui empurrando ela até a porta, fechei em sua cara.

Acordei animada no outro dia, o ensaio seria no projac mesmo, já que a academia estava com muitas aulas naquele horário, por conta de uma reforma que eu decidi fazer na parte da tarde.

- Olha quem chegou, já estava quase indo embora. – Luan disse rindo.

- (risos) Demorei tanto assim? Me desculpa.

- Estou brincando, linda. – Fiquei sem graça e mudei o assunto.

Começamos a ensaiar e naquele dia, Luan pediu um intervalo e eu cedi. Nos sentamos em uma mesa, que havia ali e eu comia uma fruta, enquanto ele bebia água.

- Parece mais animada, hoje. – Luan disse.

- (risos) E estou! comprei um carro e vou me mudar, hoje.

- Que coisa boa, fico feliz por você!

- Obrigada, eu também estou, só um pouco triste por me separar da minha amiga, mais é bom pra ir acostumando.

- É bom sim, você vai ter mais privacidade também.

- É, mais nós somos tão íntimas, que não tem essa de privacidade. – Respondi rindo.

- Digo com...Algum homem?

- Só se for para ela levar o insuportável, do noivo dela lá, porque eu não sou disso.

- Ah é, esqueci que é santa, não namora.

- (risos) Só por isso, sou santa? Então você não é?

- Pensando por esse lado... – Rimos.

- Vamos voltar ao trabalho, já dei muito descanso.

- Você é má.

- (risos) Não sou, levanta. – Puxei ele pela mão e ria de sua cara.

Ensaiamos só por mais algumas horas.

- Você disse que vai se mudar hoje, não é? – Ele perguntou, estava esperando seu segurança, com seu secretário e sua assessora, ir buscá-lo.

- Isso mesmo.

- Hãn...Não tenho nada pra fazer, quer minha ajuda?

- Sério que você iria?

- Mais é claro, por que não? – Sorri.

- Tudo bem, se não for problema. – Dei de ombros.

- Só vou falar com a minha assessora e tomar um banho.

- Vou te esperar. – Ele acenou pra mim e entrou em um carro preto, que já estava parado o esperando.

Voltei para casa e só tomei um banho rápido, Laura entrou apressada em casa e o seu noivo atrás, me olhou e eu o ignorei.

- Amiga, desculpa mais nem vai dar pra mim te ajudar com a mudança.

- Por que?

- Vou ver as coisas do casamento, a decoração e tal.

- Entendi, tudo bem. O Luan, vem me ajudar.

- Jura? – Um sorriso apareceu em seus lábios.

- Juro e por que do sorriso?

- (risos) Por nada, ué. Aproveitem! – Ela gritou já da porta. Revirei os olhos.

Peguei as chaves do apartamento e fui até lá. Algumas malas, já estavam arrumadas, da noite passada, então fui levando uma a uma.

- Quer ajuda? – Pulei de susto, estava na porta do apartamento novo.