Primeiro Capítulo

- “ Se nos apegamos tanto às coisas e às pessoas, quando elas partirem não partirá também uma parte de nós? É muito melhor nos apegarmos a pensamentos para sempre do que àquilo que agora está aí e que, um instante depois pode desaparecer.

Richard Bach “

- Você e sua filosofia logo de manhã, Daniela. – Laura dizia rindo, enquanto eu lia uma frase de um dos meus autores favoritos e ela se arrumava ao mesmo tempo.

- Não é filosofia, só leio o que penso e gosto. – Me defendi.

- Desculpa então, mas eu prefiro mil vezes uma balada. Que afinal... – Ela olhou em seu enorme relógio de pulso. – Já estou atrasada para encontrar com meu gato, à noite vamos sair e hoje vou dormir por lá mesmo. Tchau Dani e vê se saí daí. – Revirei os olhos, enquanto ela beijava minha bochecha.

Nunca fui muito de sair, sempre gostei de estudar, consegui terminar o ensino médio e com muito custo, minha mãe conseguiu pagar aulas de dança para mim, era o que gostava de fazer. Recebi várias bolsas também e já trabalhei para muitos lugares, mais estou sempre mudando de emprego.

Sou filha única, morava sozinha com a minha mãe no interior do Rio de Janeiro, meu pai tinha nos abandonado quando ela me deu a luz. Mas há algum tempo minha mãe andou doente e não me contou nada, quando vimos já não tinha mais jeito e ela faleceu. Depois disso, nunca mais quis sair mesmo e nem me abrir para nada, nem para amizades e muito menos para homem. Fui morar na capital do Rio de Janeiro com Laura, minha melhor e única amiga de verdade, só tinha algumas colegas no trabalho mesmo. Comecei a dar aulas por ali e recebi várias outras bolsas, para curso de dança, saí do país para dançar, pude viajar e conhecer a metade do mundo, apesar de ter apenas vinte e dois anos.

Atualmente estou trabalhando em uma famosa emissora de televisão, já passei por várias, mais aquela era a mais famosa. Com muito esforço também, consegui abrir minha academia de dança, que ficava em meu condomínio mesmo, moravam vários artistas por ali, eu e Laura conseguimos pagar o condomínio com o que ganhamos, seus pais tinha dado o apartamento de presente para ela, depois de juntar dinheiro à vida toda. Não passavam dificuldade, mais também não eram ricos.

Me arrumei para mais um dia de gravação, depois de tomar meu café da manhã saudável.

Fui para o projac, para mais um dia de gravação do programa Domingão do Faustão. Peguei um táxi e fui o caminho todo trocando sms com Laura, que já estava com seu namorado, já namoravam a mais de quatro anos, confesso que nunca me dei bem com ele, mas também não demonstro para Laura.

Cumprimentava todos, enquanto passava pelos enormes corredores, apesar de ser bem tímida e não ter amigos mesmo ali, sempre me dei muito bem com todos, menos com Larissa que não foi com a minha cara, desde do dia que cheguei ali e nunca entendi o por que. Fui me arrumar com as meninas, hoje seria a seleção para as dançarinas que participariam da dança dos famosos, era quase uma promoção para nós e o salário seria dobrado, seria trabalho dobrado também, mas mesmo assim seria uma sorte as que fossem sorteadas.

{...}

- Vamos, Luan ? – Arleyde me chamava.

- Já estou indo. – Gritei do banheiro e me apressei.

Fomos para a van que nos esperava, falei rápido com meus fãs e Roberval me apressou.

- O que tem pra hoje ? – Perguntei enquanto me arrumava no banco.

- Domingão do Faustão e...Você não vai acreditar. – Ele segurava o riso.

- O que foi ? – Perguntei sem entender.

- Você vai participar da dança dos famosos.

- O que? Como assim, cara?

- Isso mesmo.

- E como não me avisaram nada?

- E não era mesmo, eu que falei, nem fala para Arleyde que eu te falei agora. – Minha assessora tinha ido em outro carro, que estava atrás da van.

- Mais por que, não pode?

- Ordem do programa. – Ele deu de ombros.

- Meu Deus, o que eu faço ?

- Dança, ué. – Rober gargalhou.

- Para de rir. – Bati em sua cabeça. – É sério.

- Eu também estou falando sério, por isso mesmo que eles pedem para ser de surpresa.

- Para não poderem recusar?

- Deve ser!

- Cara, eu vou pagar um mico. – Ele riu e eu não agüentei, gargalhando junto.