Capítulo 101

Me abaixei diante de um saco preto que se mexia e saia um som abafado, com dificuldade desatei o nó que o amarrava, minha boca se abriu de verdade quando vi o que se encontrava lá dentro. Fiquei estática olhando para aquela criança, um recém nascido, dentro de um saco, só de frauda e até gotas de sangue ainda tinha em seu corpinho. Respirei fundo e a peguei no colo, parou de chorar na hora e seus olhos pareciam pesados, já que parecia querer se fechar, mas a criança lutava contra o sono. Não me importei por estar um pouco suja e meu vestido ser branco, aconcheguei ela bem perto do meu peito e só então pensei em como voltaria para perto de todos, com uma criança em meus braços. Por sorte estava com minha bolsa de mão ali, voltei para dentro do banheiro e peguei meu celular, respirando fundo.

- Luan ? – Disse, assim que atendeu.

- O que foi, amor ? Está demorando, aconteceu alguma coisa?

- Não ...Vem aqui, por favor ?

- Pra quê ? O que houve, Daniela?

- Você está perto de alguém ?

- Não, estou para o lado de fora da van e o pessoal já está lá dentro. Me fala o que aconteceu?

- Vem aqui rápido ... Sem segurança. – Desliguei rápido, antes que me fizesse mais e mais perguntas. Sorri quando vi que o bebê já dormia em meus braços, parecia que só estava esperando um aconchego para dormir, um lugar quente e protegido, mesmo pequeno, parecia com medo.

Escutei passos apressados e respirei fundo, vi a maçaneta girando.

- Dani... – Luan paralisou na minha frente, sem reação. – O que é ... De quem é essa criança, Daniela ?

- Amor ... Eu achei ela dentro de um saco atrás desse banheiro, acredita ?

- Meu Deus, isso é sério?

- Você acha mesmo que eu mentiria ? É claro que é, a onde eu arrumaria uma criança ?

- O que vamos fazer com ela ? – Ele me olhava.

- Eu não sei ... Acho que devemos levar ela pra casa dos seus pais e lá veremos o que fazer.

- Levar ela ?

- Você quer deixar a criança aqui, Luan ? Eu não vou deixar, não ! – Me irritei.

- Calma, amor. Não vamos deixar, Deus me livre ! Vamos levar então.

- E vamos com todos ?

- Acho melhor falar só com os meus pais quando chegarmos.

- Também acho.

- Então vamos no carro baixo, eu invento uma desculpa. – Assenti sorrindo e saímos dali.

Entrei no carro rápido e acho que ninguém me viu, a sorte que ali já estava vazio. Luan logo entrou ao meu lado, olhei para Wellington que dirigia com receio.

- Fica calma, eu já expliquei tudo para ele. – Assenti com a cabeça.

- O que vamos fazer quando chegarmos lá ? – Perguntei olhando o bebê se mexer em meus braços.

- Eu não sei, vou procurar saber, vou perguntar o meu pai.

- Quem será que fez isso, né ? Não tem coração...

- Não tem mesmo, fazer isso com uma coisinha dessas, tem gente doida pra tudo. – Luan tocou de leve sua mãozinha.

- É, deve ter nascido hoje mesmo, ou até em algumas horas.

- Você acha ?

- Acho ! Ainda está um pouco sujo e não consegue abrir os olhinhos direito.

- Nossa !

- Quando chegarmos quero comprar alguma roupinha ... Algumas coisas !

- Claro, amor. – Luan sorriu e beijou minha bochecha.

Não demorou muito para chegarmos em Londrina, a van já tinha chegado na nossa frente. Entramos na casa rápido e todos já estavam na área da piscina, então subimos rápido para o antigo quarto do Luan.

- Cara, que surreal né ? Uma criança aqui com a gente e nem sabemos de onde veio. – Luan dizia.

- Pois é ... Acho que fez xixi.- Fiz careta.

- Vou chamar a Bruna e pedi para que compre algumas coisas, anota o que você quer.

- Está bem. – Ele saiu e eu fiquei ali, admirando aquela coisinha fofa, que agora me olhava atenta.

- Meus Deus, gente ! – Bruna entrou no quarto me assustando. – Pensei que era brincadeira do Luan.

- Não é, Bru. Eu achei ela em um saco plástico, acredita?

- Que horror ! Mas o que pretendem fazer?

- Ainda não sabemos ...

- Mas em, Bruna ... Compra algumas coisas pra ela. Anotou, Daniela?

- Não, mas eu falo agora.

- Vou anotar. – Ela tirou seu celular do bolso e eu comecei a falar.

Pedi que comprasse fraudas, roupas e mais um monte de coisas, logo ela saiu, disse que iria ali mesmo em uma farmácia e loja do condomínio.

Conversei com Luan e decidimos contar para seus pais, não queríamos que os outros ficassem sabendo, mesmo sendo da família e confiando neles.

- Daniela ? – Marizete entrou no quarto e logo depois, seu marido.