Capítulo 111

{ 15 anos depois ... }

Estávamos em mais um dia em família, onde o churrasco rolava solto na área da piscina da nossa casa e todos reunidos. Milla e Pedro brigavam para variar, quando pequenos era só amor, mas com o tempo começaram a se bicar, eu entendia que era coisa de irmãos, mas às vezes ficava chato e até Luan perdia a paciência e gritava com os dois, que sossegavam por algumas horas. Minha filha, estava linda, com seus quinze anos e meu pequeno, que de pequeno não tinha mais nada, com seus vinte. Já estava casado e sua esposa estava grávida de sete meses - esse era um dos motivos da nossa comemoração daquele dia - mas ainda tinha sua mentalidade de criança, eu sempre dizia isso a ele.

- Mas vocês, em ! Parecem dois bebês ... – Eu e Luan íamos em direção a cozinha, onde os dois brigavam por um doce.

- Pai ... Essa menina é uma chata !

- E você, Pedro ? Larga do meu pé... – Milla, revirava os olhos.

- (risos) Vamos lá pra fora, crianças. – Me meti entre os dois.

- Crianças, mãe ? – Pedro resmungava.

- Claro... São isso que parecem.

- Estão brigando de novo? – Ouvi uma voz grossa e já sabia de quem era.

- Estão...Pra variar ! – Ri.

- Tudo bem, irmã ? – Mesmo depois de longos anos e já com seus 25 anos.

Gabriela e Ricardo, ainda me tratavam de modo carinhoso e não era diferente com meus filhos.

- Tudo bem, Gabi. Pensei que não viriam mais, demoraram !

- Eu estava trabalhando e o Ricardo atrasou.

- Vocês vieram juntos? E seu marido e a Beatriz ? – Minha irmã já estava casada e com uma filhinha linda.

- Estão vindo aí !

- E você, Ricardo ? Quando toma jeito e arruma uma muié pra casar? – Luan o zoou como sempre.

- Nunca, cunhado. Eu sou de todas ! – Milla, eu e Gabriela, reviramos os olhos juntas, o que fez os homens rirem. – Elas me amam e tem muito ciúmes de mim, mas essa é a realidade. – Voltamos para juntos de todos e eu logo fui paparicar a sobrinha quando a vi chegando com meu cunhado.

O meu pai e os pais de Luan também estavam ali, ainda faziam questão de mimar aos netos. Bruna, já estava casada, me lembro que Milla e Gabriela  foram suas damas de honra, se casou depois de três anos depois que seu noivo a pediu em noivado e Pedro e Ricardo também entraram na igreja. Ainda continuava com sua carinha de menina, mas seu corpão de mulher, que com o tempo só evoluiu, fazia vários comerciais e estava fazendo a protagonista de uma novela, motivo de felicidade e orgulho para todos. Apesar de adorar crianças, dizia ela que não queria filhos naquele momento. Pedro não confessava, mas morria de ciúmes da irmã e da tia. 
Alguns amigos de Luan também estavam por ali.

{ ... }

Depois de uma semana, Luan voltou sua rotina de shows, estava pensando em dar um tempo, de dois shows por mês, mas só falava, faltava a coragem. As fãs ainda estavam ali com ele, para onde ia e ele, cumprindo sua promessa de cantar até quando sua voz estivesse boa.

Fui deixar Milla na escola naquele dia, Pedro estava trabalhando em seu estúdio, era produtor musical, fez até faculdade de música, o que gerou muito orgulho de seu pai. Minha filha tinha um sonho, era tímida e quieta com as pessoas de fora, mas tinha um sonho de ser cantora como seu pai, falava isso desde seus dois aninhos. Luan não poderia estar mais feliz com as carreiras que os filhos decidiram, mas fizemos um trato com ela, que só focaria na carreira depois que acabasse sua escola. No começo ela não gostou, já queria subir no palco e cantar, mas depois teve que concordar, Luan dizia a ela que iria dar um “empurrão” em sua carreira, mas via em seu olhar que não era aquilo que a menina queria, mas não falava nada.

Passei no shopping aquele dia e comprei algumas coisas, para mim, Luan, Milla, Pedro e minha netinha, que já estava quase chegando. Me sentia velha só de pensar que já seria avó, mas estava amando a idéia, confesso.

Esbarrei em alguém e me virei para me desculpar, já que eu era a errada, por estar distraída demais.

- Me desculpa ...

- O que é isso ... Não tem problema ! – O rapaz limpava a sua roupa, estava tomando um sorvete que derramou todo em sua blusa.

- Nossa, te sujei todo.

- (risos) Não tem problema ! Eu posso te falar uma coisa ? – Ele me encarou sério e eu o olhei curiosa.

- Pode...Claro !

- Eu sou seu fã. – Me assustei. – E não é de hoje, desde que era dançarina do Faustão. – Me assustei mais ainda. Parei de trabalhar completamente depois de Milla, Luan achou melhor e confesso que eu também. Vendi minha academia, mas tinha uma boa renda aplicada, não queria depender do meu marido pra tudo.

- Nossa ! Você me surpreendeu. – Ri e ele também.

- Pois é ... Eu te acompanho em tudo, sabia ?

- Sério?

- Eu te amo demais, Dani. Sempre fui apaixonado por você e nunca tive coragem de te dizer.

- Você já me conhece pessoalmente ? – Ignorei o começo da frase.

- Já ... Mas nunca me aproximei, sempre te via passar de longe, até estava sozinha mas não tinha coragem. Eu era muito bobo quando mais novo. – Ele riu, mas eu não consegui. Continuou. – Já saí do meu estado para ir atrás de você, quando ia acompanhar seu marido aos shows. Fui em um DVD que ele gravou, só por você. – Eu estava assustada.

- Nossa !

- Eu sei muitas coisas sobre você ... – Ele se aproximou e eu dei um passo para trás.

Poderia ser bobeira, mas não gostei dos olhos dele, não gostei do jeito que estava falando e muito menos sua “obsessão” por mim e minha vida.

- Desculpa, mas ... Você está me assustando. – Finalmente eu falei.

- Não precisa, eu já disse que te amo e nunca faria algo com você. – Arregalei os olhos.

- Eu ... Preciso ir. – Me afastei mais.

- Toma um sorvete comigo ? Já que acabou com o meu ? – Ele sorriu , era bonito.

- Desculpa de novo, mas eu não vou poder. Se quiser eu te dou o dinheiro.

- Eu não quero dinheiro, eu tenho de sobra. Só quero sua companhia !

- Olha...Não vai pegar bem, eu sou casada. – Eu tentava mais uma desculpa.

- Não importa ! Ele te tem todos os dias, por que não pode ficar comigo algumas horas ? – Seu tom mudou para rude, já estava mais que espantada. – Olha, Dani ... Eu sabia que iria ser assim e por isso tomei uma decisão. Me desculpa mas é necessário.

- Do que está falando ?

- Eu sei uma coisa muito pessoal sobre sua vida, eu não queria está fazendo isso mas é necessário. Ou você                        aceita sair comigo só por um dia, ou eu conto pra todos que a Milla é adotada !