Capítulo 38

{Dezembro}

Já estava na época de Natal e eu não estava tão animado como em todos os anos, também Daniela não reagia, seu rosto estava mais angelical que nunca e seus machucados já estavam quase todos sarados. Parecia que dormia profundo e a cada hora que a via ali, me dava vontade de sacudi-la e acordar ela logo. Sempre que podia dormia no hospital, o médico me dava esperanças, mas mesmo assim a insegurança estava em mim, também ela já estava há um mês naquele estado e eu me sentia péssimo por não poder fazer nada, incapaz de tudo.

Fui em seu quarto e chorei quase que o dia inteiro, antes de voltar para Londrina. Era véspera de Natal e minha mãe, que também estava muito sentida com a situação e com meu sofrimento também, que sempre via de perto, me pediu para passar o Natal com ela. Eu não queria, iria ficar ali do lado de Daniela, mas ela insistiu e chegou até chorar, ultimamente andava um pouco aflita e com medo de me deixar sozinho por muito tempo, medo que eu fizesse alguma besteira. Mal sabia ela que estava completamente enganada, a última coisa que faria era uma besteira, não no estado que minha namorada estava e precisando mais que nunca de mim.

Esbarrei com Laura, quando já saía do hospital:

- Vai para Londrina?

- Vou sim, o Rober pediu. – Ela falou com receio.

- Não tem problema, Lau. Eu também estou indo, minha mãe insistiu.

- Ela fez bem, você não podia ficar aqui.

- Você sabe, que eu ficaria.

- Mas não pode, logo a Dani sai dessa e vai brigar com você por isso. Principalmente, quando souber que você não queria cumprir a agenda de shows.

- (risos) Se Deus quiser, ela ainda vai brigar muito comigo. – Confesso que foi a primeira vez, depois de um mês, que sorri. Já estava imaginando seu jeitinho, que só ela tinha. – Quer uma carona?

- Só vou passar lá.

- Pode ir, eu te espero. – Laura sorriu e foi andando rápido para o quarto.

Me sentei em uma cadeira na recepção e fiquei pensando na vida, era complicado demais tudo aquilo e eu já estava achando que era a pessoa mais forte do mundo, nunca imaginei que agüentaria uma coisa daquelas, mas Deus me dava força e estava sempre comigo e fé, que não faltava para Daniela acordar logo. Vi Laura de longe e me levantei, a sua espera.

Fomos para Londrina e conversamos durante todo o trajeto, ela parecia confiante que a amiga sairia daquela e foi bom, ouvir uma pessoa otimista. Me falava coisas que me fez pensar as coisas para o lado positivo também.

Meu segurança deixou Laura na casa do Rober, assim que chegamos e depois seguiu para a minha. A casa estava vazia, não tinha falação, estranhei um pouco e entrei, estava diferente de todos os anos, que a família já se reunia desde cedo para a festa maior à noite.

Fui para a cozinha e minha mãe fazia um doce, na pia da cozinha enquanto minha irmã fazia outro diferente, sentada na mesa.

- Oi. – Elas sorriram, quando me viram e me deram um abraço.

- Tudo bem, meu filho?

- Confesso que sim, mãe. Estou mais confiante. – Puxei uma cadeira e me sentei de frente para Bruna, que voltou a se sentar.

- Que bom, meu amor. Não sabe o quanto isso me deixa feliz.

- E por que a casa está vazia assim? – Olhei em volta, mais uma vez.

- Achei melhor, só virem a noite. Da pra ver que você não está para festas o dia todo.

- Oh, mãe! Não precisava, eu sei que gostam.

- E você ficaria no quarto?

- É...

- Eu prefiro assim. Não tem graça sem você, meu filho.

- Mas podiam fazer.

- Nada disso, pi. Todos aqui estamos tristes com os acontecimentos também.

- Vocês não existem, sabia? – Minha irmã sorriu e eu retribui, enquanto me esticava na mesa e dava um beijo em sua bochecha.

Conversei um pouco com elas ali e logo meu pai chegou, se juntando a nós também.

Subi para o quarto, depois de um tempo e tomei um banho, me arrumei e já fiquei pronto para a noite.

Minha família toda foi para minha casa e me deram muitas forças, minhas primas me faziam ri, junta da minha irmã e de alguns amigos, que também estavam por ali. Fui para um pouco longe de todos, uma hora e olhei para o céu, que estava lindo, completamente cheio de estrelas e com uma lua enorme. Rezei e pedi para que Deus trouxesse minha namorada de volta, que ainda tínhamos muitas coisas para vivermos. Só então me dei conta do que estava fazendo, eu me apaixonava por ela mais ainda a cada um segundo da minha vida, queria viver o resto da vida ao lado dela e decidi que se Daniela saísse daquele maldito coma, eu iria a pedir em casamento. Sem me importar pro que falariam, se eu era jovem demais e se nós ainda tínhamos uma vida inteira pela frente, ela era o que eu queria e aquilo já estava na minha cabeça, ninguém mas tirava. Voltei para perto de todos e minha irmã me olhou um pouco preocupada, com certeza percebendo meu pequeno sumiço. Disfarcei dando uma risada, da piada que Lucas, grande amigo e também cantor, contava para todos a sua volta.

Quando todos foram embora, dei um abraço em minha mãe e meu pai e subi para o quarto, tirei a roupa e tomei um banho gelado. Ouvi batidas na porta, quando já estava me deitando.

- Luan? – Bruna entrou e eu bati na cama, para que se sentasse de frente para mim.

- O que foi?

- Você sumiu uma hora, está tudo bem? – Respirei fundo.

- Você está parecendo nossa mãe, sabia? – Ri de leve. – Tudo bem, eu fui rezar sabe? Pela Daniela e que ela acorde logo.

- É? Eu também rezei por ela. – Sorri.

- Ela vai acordar, eu tenho fé. Eu decidi que quando ela acordar, vou pedir ela em casamento.

- Vai? – Ela pareceu espantada.

- Vou sim, não quero saber de idade e nem de nada. Eu a amo e vocês já perceberam o quanto.

- Com certeza. – Ela sorriu. – Foi tipo uma...promessa?

- Não vou dizer isso, por que promessa é meio que obrigado a cumprir e isso não é me obrigando a nada, eu quero mais que tudo.

- Então faça o que seu coração achar melhor, irmão! – Ela me abraçou apertado, antes de sair do quarto.

Realmente minha irmã estava coberta de razão, era isso que iria fazer, segui meu coração que implorava para ficar perto de Daniela, a cada dia mais.

Fui dormir e no meio da noite, sonhei com a minha princesa, ela já tinha acordado daquele pesadelo e estávamos casados, depois eu estava com uma menininha linda no colo, que esticou os braços e logo apareceu a Dani em nossa frente, ela a chamou de “mãe” e nós sorrimos bobos, antes de nos beijarmos.

Foi o melhor sonho de toda a minha vida, nunca tinha feito esses planos com ninguém e me achava muito novo para isso, mais com ela sempre foi diferente. Já imaginei nós nos casando e com filhos, correndo pela casa. Era aquilo que eu queria para minha vida, era aquilo que iria me fazer ficar completamente feliz, o resto da noite eu não consegui pregar os olhos direitos, só pensando naquele sonho e no dia que Daniela acordasse, para eu a pedir em casamento e rezar para que aceitasse, era possível que não, do jeito que era, ri dos meus pensamentos. Minha noite foi assim, completamente diferente das outras, que também ficava acordado, só que pensando coisas ruins que podiam acontecer e não como aquele, que me pegava com sorrisinhos bobos em meus lábios. Fui dormir quando o dia já amanhecia, o que me fez ficar o dia inteiro na cama, já que não estava me agüentando de tanto sono.