Capítulo 51

- Daniela? Ainda acordada? – Ele passou as mãos pelo cabelo, sem jeito.

- Estou. – Cruzei os braços.

- Está chateada?

- O que você acha? Quase morri de preocupação e você me apronta uma dessa, com um mês de casamento.

- Eu sei que errei, me desculpa. Mas os meninos me chamaram e eu...

- Luan. – me aproximei dele. – Eu sei que você é jovem, sei que tem que curtir muito a vida ainda. Mas custava me avisar? Eu não ligo de você e ir, desde que me conte a VERDADE! E você sabe disso.

- Eu sei.

- Não quero te cobrar nada e muito menos te prender, mas se lembre que você é casado e por que quis...Ninguém te obrigou a nada.

- Nossa, Daniela. Não precisa falar assim também, já me desculpei. Não estou acostumado. – Sua voz aumentou um pouco.

- Fala baixo, temos vizinhos, que devem estar dormindo. Eu sei que não está, mas vai ter que dá um jeito nisso.

- Você é muito dramática.

- Eu não sou, Luan. Só gosto das coisas certas.

- E certinha demais também.

- O que você ganha fazendo coisas erradas? Você faz?

- Olha...Vai começar. Eu não faço nada de errado e nem pretendo.

- Sei. – continuei o encarando, enquanto ele bufava olhando para cima. Lembrei das vozes que ouvi e fiquei com mais raiva. Sim, nossa primeira briga e com um mês de casados.

- Estou falando sério, você tem que confiar em mim. Aquelas vozes que ouviu, era de algumas mulheres que foram pedir fotos.

- Eu confio em você, mais do que imagina.

- Que ótimo, porque um relacionamento é à base disso. – Ele se virou e foi para o quarto, fui atrás dele e confesso que já estava começando a me estressar.

- E você, tem em mim? Por que estou querendo sair amanhã também. – O provoquei em uma atitude infantil e ele se virou, para me olhar.

- A onde, você vai?

- Não sei ainda. – Ia passando e suas mãos agarraram meu braço esquerdo.

- Não brinca comigo, Daniela. Isso é muito infantil, querer da o troco.

- Não estou querendo nada. – Menti.

- Sinceramente, não é o que parece.

- O que eu posso fazer, não é? Você que pense o que quiser, assim como eu pensei coisas maldosas daquelas vozes que eu ouvi atrás de você.

- Para com isso, Daniela. Que coisa idiota.

- É isso que acha de mim? Idiota?

- Você está querendo por palavras na minha boca. Falei que a sua atitude é idiota e quer saber? Eu não vou discutir mais, fala com as paredes. – Ele me soltou e foi para o banheiro, me deixando ali de boca aberta.

- Idiota! – Falei alto, mas não muito. Me sentei na cama com tudo e uma dor atingiu as minhas costas, fiz careta e coloquei as mãos sobre o rosto. Como em um passe de mágica, aquilo só fez aumentar, me sentei com as mãos na mesma e tentei, em vão, me levantar. A dor só piorava e em um minuto, meus olhos se encheram de lágrimas. – Luan. – Chamei ele baixo, mas depois quase gritei, quando vi que não teria resposta. – Luan!

- O que foi? – Ele apareceu só de cueca, deveria estar indo tomar seu banho.

- Me ajuda a deitar? – Estendi a mão para ele.

- O que foi, Daniela? – Ele largou a toalha em qualquer canto e se aproximou de mim, visivelmente preocupado.

- E-Estou com uma dor nas costas, mas já passa.

- Tem certeza? A onde dói? – Ele tentou tocar, mas pulei e tirei sua mão.

- Dói muito.

- Vamos no médico?

- Não. Se amanhã não parar, eu vou. – Disse firme e ele não questionou, me ajudou a deitar e me arrumou na cama. Estava com bastante sono, logo dormir.

Acordei, ainda com dor, mas dessa vez na barriga também. Olhei para a janela, que com certeza, Luan tinha esquecido de fechar e ainda estava escuro. Me escorei na cabeceira da cama e fechei os olhos com força, a dor estava demais. Gemi baixinho, quando senti uma pontada e a cama se mexeu.

- Ainda com dor, Daniela? – Luan levantou sua cabeça e me olhou.

- Aham. – Nem conseguia falar direito.

- Vamos para o hospital agora e nem adianta, dizer que não. – Ele se levantou e foi se vestir. Tentei me levantar também, mas não consegui de novo. – Vou te ajudar. – Luan pegou uma calça minha, que estava em cima da pequena poltrona e a vestiu em mim, fez o mesmo com uma blusinha que estava largada por ali.

Desci escorada em seu ombro, meu rosto já estava molhado em lágrimas.

Chegamos no hospital e estava completamente vazio, por sorte. Fomos até a recepção.