Capítulo 56

- O que você tem? – Seu tom de voz ainda era rude.

- E-Está tudo rodando. – Passei a mão pela cabeça, acho que ele não estava acreditando muito.

Me levantei e apoiei na mesa, minhas pernas bambearam e a última coisa que senti, foi os braços de Luan em minha volta, evitando que eu caísse no chão.

Acordei aparentemente depois de um tempo, vi uma movimentação em minha volta, os médicos pareciam estar bastante preocupados. Logo senti algo gelado em minha barriga e olhei para frente, um monitor se ligava.

- Vamos ver o coração dele. – O médico falava, para a enfermeira.

- Vamos ver. – Ela ligou o aparelho. – Doutor, tem alguma coisa de errado.

- O que tem de errado? – Ele a olhou.

- Os batimentos do bebê...Não estou conseguindo ouvir. – Ele parou e começou a deslizar o aparelho por minha barriga, fechei os olhos.

- Não tem mais jeito, o bebê está morto. – Senti meu rosto molhar com aquela frase, a mais dolorosa de toda a minha vida.

*

Daniela desmaiou ali, na minha frente, consegui a pegar nos braços, antes que caísse no chão. Confesso que pensei que estava fazendo drama, pelo puxão de orelha, que exagerei um pouco, que dei nela.

Saí em disparado para o hospital, peguei seu médico já de saída, voltou correndo comigo, me preocupava ver ela desmaiada daquele jeito e já fazia minutos.

Levaram ela para dentro e eu tive que ficar esperando, ansioso e com medo do que podia acontecer, ainda estava me sentindo culpado por aquilo tudo. Bebi um copo de água para me acalmar mas era completamente em vão, resolvi não falar com ninguém para não preocupá-los, só quando o médico dissesse algo.

- Luan. – O doutor Sérgio apareceu.

- Aconteceu alguma coisa, doutor?

- Por um milagre, está tudo bem. Mas é por um milagre mesmo.

- O bebê também?

- O bebê também. Eu confesso, que pensei que ela perderia, esse tempo de gestação que acontece isso.

- Nossa! Que alívio, mas o que houve?

- Pressão alta, o que não podia, aliás, não pode mais acontecer, entendeu? Ela não pode se estressar.

- Está bem.

- Ótimo, porque isso é muito grave e foi por estresse que eu sei.

- Confesso que exagerei em um puxão de orelha que dei nela, porque não quer cumprir o repouso.

- Eu entendo ela. É chato sim, é entediante, sim! Tem que conversar com calma.

- Pode deixar.

- Ela já deve ter acordado, pode ir até lá. Vou mandar ela passar a noite aqui, para ter certeza que a pressão não irá subir mais. – Segui atrás dele, no enorme corredor.

Ele se despediu, assim que me indicou o quarto e disse que no outro dia, se tudo estivesse bem, iria dar alta para Daniela, o agradeci antes de ir. Me encostei na parede e liguei para os meus pais, antes de entrar no quarto. Contei para eles tudo que tinha acontecido e até a parte que estava errado, minha mãe brigou comigo e me fez prometer que não faria mais aquilo. Nem precisava prometer nada, já estava me sentindo culpado o suficiente, para pensar em fazer de novo. Briguei com Daniela e até acusei a ela de querer por a vida do nosso filho em risco, mas eu mesmo fiz isso. Respirei fundo e entrei no quarto.

*

Acordei assustada, estava em um quarto de hospital e suava um pouco. Olhei para os lados e não tinha ninguém, não tinha médicos e nem nenhum aparelho. Respirei aliviada com a mão no peito, quando percebi que aquilo tudo era só um sonho, pelo menos a parte que eu havia perdido o meu bebê.

- Está melhor? – Olhei para porta e ela se abria, Luan entrou e logo se aproximou.

- Estou. – O olhei, ainda estava chateada pelas coisas que tinha me falado.