Capítulo 55

- Vamos, princesa? – Senti os braços do meu marido, em minha barriga e um leve beijo em minha nuca.

- Vamos! Estou bem? – O olhei de lado.

- Está, perfeita. – Sorri e me virei para beijá-lo. – Estamos atrasados. – Ele encerrou o beijo com selinhos.

- E a culpa é sua. – Rimos e saímos do quarto com as mãos entrelaçadas, Bruna já nos esperava na sala, mexendo em seu celular.

Fomos para o restaurante  e quase todos já estava lá, gritaram quando me viram e eu fui abraçar um por um. A noite foi muito agradável, palhaçada e risada tinha de sobra. Deixei Luan beber um pouco mais, já que tinha algum tempo que não fazia aquilo.

Vi a hora de sermos expulsos do restaurante, de tanto que falávamos alto e fomos os últimos a sair. No começo eu fiquei com vergonha, mas logo me soltei, vi um lado dos amigos de Luan, que nunca tinha visto antes. O Lucas só falava besteira, via seus olhares para Bruna também e Sorocaba, diferente do que eu pensava e via, ele era bem brincalhão, tirava sarro de todos. Só não me surpreendia com Luan e Rober, que era o mesmo de sempre, já estava cansada de saber. Luan aproveitou para falar sobre a minha gravidez, ainda não tínhamos falado com ninguém e combinamos que depois falaríamos com as fãs, mas ali estava tudo entre amigos mesmo. Todos aplaudiram, gritaram e até discurso ele fez, acabando com um pouco de cor natural que ainda tinha no meu rosto.

- Aproveita, parceiro. – Luan fazia graça. Rober e Laura entravam em seu apartamento.

- (risos) E você também, daqui a alguns meses não pode.

- Não? – Ele me olhou e eu ri.

- Vamos entrar, Luan.

- É melhor mesmo. Vamos Rober! – Laura o puxou e eu ri.

{ ... } 

Com cinco meses de gestação, eu já tinha parado com o trabalho, o médico me deu uma licença maternidade e se desse tudo certo mesmo, só voltaria quando o bebê estivesse com sete meses. Me deu repouso absoluto, o que estava me irritando, minha barriga já estava grandinha e eu me encantava cada dia mais, nunca tinha me imaginado daquele jeito e parece que tudo foi acontecer tão rápido, parece não, apesar de casada, foi tudo rápido mesmo.

Ligava para Bruna, comia o dia todo, ou Laura ficava um pouco comigo, para o tédio não me atingir por completa, mas estava fazendo tudo o que podia, não queria me prejudicar e muito menos meu filho, que já não via à hora de o ter em meus braços, já era minha vida.

Luan já tinha anunciado no mês passado, para os fãs, sobre a gravidez, explicou por cima e disse que era um pouco arriscado, mas a pedido meu, ele não disse muita coisa para não preocupá-las. Pensei que não reagiriam bem, mas me enganei, já estavam adorando a idéia da família Luan Santana, ter um novo membro e mascote. Às vezes eu ficava conversando com elas também, até cheguei a fazer uma twitcam, o que fez Luan puxar a minha orelha, por não ter o avisado antes, mas não liguei.

Estava no tédio como sempre, em casa, quando Karen me ligou e disse que estava precisando de um papel que estava comigo, para dar a coreógrafa substituta. Falei com ela que iria até lá entregá-la, troquei de roupa e fui dirigindo, devagar e com cuidado.

Entreguei o papel para ela, assim que cheguei e falei com as meninas, que babaram pela minha barriga. Fomos para a lanchonete fazer um lanche e depois de algumas horas, voltei para casa.

Me deitei cansada no sofá e senti algo em baixo de mim, apalpei o sofá e vi que era meu celular, tinha esquecido em casa. O peguei e vi mais de dez ligações perdidas do Luan, fiz careta antes de retornar.

- Daniela? – Ele falou, assim que atendeu.

- Oi, amor.

- Graças a Deus, você está louca? Quer me matar de preocupação? Sabia que foi desse jeito quando sofreu o acidente? Quase tive um troço aqui. – Ele disparou a falar.

- Me desculpa, eu esqueci o celular em casa.

- Esqueceu o celu...Espera! Onde você estava? – Respirei fundo e fechei os olhos, já sabia o que viria.

- Fui no projac. – Falei baixo, mas alto o bastante para ele ouvir.

- Você o que?

- Eu fui no projac, entregar um papel que estava comigo.

- Você está louca? Você não pode sair assim, aliás, você não pode sair, Daniela.

- Só fui entregar o papel. – Murmurei.

- Não podia pedir alguém pra pegar esse papel aí?

- Me desculpa, vai.

- Quando eu chegar, conversamos. – Ele desligou na minha cara, deslizei no sofá enquanto bufava.

Luan chegou no final da tarde, nem falou comigo e já foi para o banho, logo depois foi comer na cozinha, segui atrás.

- Luan ...

- Não quero papo com você, Daniela.

- Me desculpa! Eu estava entediada.

- Não diga? – Debochou.

- Estou falando sério, parece mas não é fácil.

- Não é fácil deitar naquela bendita cama e ficar quieta?

- É sério...

- Para com isso, Daniela. – Ele se levantou, ficando em minha frente. – Pensa no nosso filho pelo menos, se não quer pensar em você. O médico já não disse que você não podia ficar andando e fazendo esforço? Respeita isso, eu aposto que você dirigiu.

- Não foi por mal. – Abaixei a cabeça, estava me sentindo culpada realmente.

- De boas intenções o inferno está cheio. – O olhei assustada.

- O que você quis dizer com isso?

- Você entendeu, ou quer se matar ou matar o nosso filho.

- Não fala isso. – Comecei a chorar e limpar as lágrimas que caiam sobre o meu rosto.

- Então para, entendeu? P-A-R-A! de fazer burrada.

- Eu já disse que não foi nada demais, prometo não fazer mais.

- É o mínimo que você pode fazer, o mínimo. Você vai acaba perdendo o nosso filho, é isso que você quer? – Ele me encarou. Já soluçava e ainda tentava secar as lágrimas, ainda olhava para o chão. – É ISSO QUE VOCÊ QUER, DANIELA? – Ele gritou, me assustando. Comecei a respirar acelerado e neguei com a cabeça, ainda sem o encarar.

Me sentei na cadeira que estava em minha frente, olhei para Luan, tinha dois em minha frente. Ele continuava em silêncio e me encarava ainda.

Pisquei por várias vezes, tentando voltar á visão normal, mas não conseguia.

- Eu to passando mal. – Foi o que eu consegui sussurrar.